16 de Março de 2014 – final do verão
Nos reunimos mais uma vez num círculo mágico, formado por
mulheres apaixonadas por dança, música e amizades verdadeiras.
Estão presentes neste círculo: Amanda, Gill, Saphyra,
Verinha, Edi, Telma e a estreante no círculo: Jane.
Amanda inicia apresentando o altar e seus símbolos:
- O bastão: foi acrescentado um adereço simples (para que, ao longo dos próximos encontros, outras companheiras possam agregar os seus toques pessoais) e lilás, símbolo da espiritualidade, da união (masculino/feminino – azul/rosa), representando as dualidades da vida: união/separação;
- A pedra: fluorita: compõe-se de várias cores. Tem um pouco de todas as outras pedras curativas.
- Altar: feito de itens encontrados no carnaval. Suas cores: o rosa do babado: o romantismo, o feminino; o azul: objetividade, infinito, o masculino; o chapéu preto e prata: preto=ausência de cor, luto, tristeza, o prata= novas idéias; o branco (base do altar): a união de todas as cores, a paz; o dourado: riqueza, abundância, poder... o carnaval! A máscara prateada: a cara limpa: o todo – nossa essência...
Amanda lembra que o carnaval hoje foge as suas origens gregas, coloca-se
uma máscara e passa-se a ser quem você é (ou gostaria de ser). No dia a dia, todos usamos máscaras: a mãe, a filha, a
profissional, o ego... o que queremos mostrar e não somos.
E na dança? Quem somos? O que representamos? Nossa dança
tira nossas máscaras ou nos dá outras máscaras?
Saphyra nos questiona: “O que é estar livre? Você se sente
uma pessoa livre?”
Para Vera a liberdade é algo interior, é a liberdade do nosso espírito. Liberdade é subjetiva.
Podemos ser prisioneiro de nossos sentimentos, de nossas lembranças.
Edi: "não é o estado civil que define se somos ou não
livres", por vezes, a possibilidade de escolha entre muitos parceiros pode
representar uma prisão, ao contrário do que muitos pensam.
Telma lembra ainda do quanto nos temos aprisionado as
tecnologias, facebook e afins e deixamos de viver o dia a dia, o real. Será que conseguimos nos policiar para o bom uso do fácil acesso a internet???
“Podemos fazer tudo o que temos vontade?” questiona Saphyra.
E as regras para o bom convívio social, as leis? E de quantas outras coisas não
somos escravos??? E as expectativas que as pessoas têm de nós?
Saphyra: “Quando
visto uma máscara, 'posso ser o que quero'; mas não será esta uma outra prisão?”
“E estes personagens, não podem nos trazer algo de bom?
Talvez resgatar algo de nossa essência?” questiona Telma.
“Mas será que tudo o que há em nossa essência é bom? Até
onde estes personagens são úteis? Qual o limite para interpretar?” indaga
Amanda.
Edi: "não podemos usar as máscaras
o tempo todo. Em algum momento, temos que ser nós mesmos."
Saphyra lembra que o bambu (o nosso bastão), fala de
flexibilidade, de ser o que somos, mas da importância de aprender com as lições
da vida e nos construir a partir delas.
“Será que todos sabemos o que queremos ser?” pergunta Vera.
Conhecer-se e saber o que de fato queremos ser, nosso propósito de vida não é
algo tão fácil assim.
“Tudo posso, mas nem tudo me é lícito”. Amanda cita esta
frase pensando que, no contexto em que estamos inseridos (sociedade, religião,
política) temos tendência de querer agradar aos outros, nos condicionando a ser
algo para o externo. Tendemos a mostrar o que o outro quer ver e, independente
do que façamos, seremos criticados de qualquer forma.
E na dança? “O que é uma dança livre?” indaga Saphyra.
Vera: "Entrega."
Saphyra cita um texto “livre: algo espontâneo, natural, sem
nada preparado, algo a ser expressado. É o deleite do momento.” Mas lembra que,
quando dançamos um estilo, nos limitamos até pra não descaracterizar a dança. A
estética da dança são os limites. “Quando a dança se torna igual, onde está a
liberdade se liberdade é o momento?"
Encerramos mais um encontro com um exercício livre, de
momento... ao som de uma versão instrumental de “all we need is love”, música
que bem retrata tudo o que discutimos: liberdade, criação e nossas carências
escondidas atrás das máscaras... afinal, quantos de nós realmente não
precisamos apenas de amor...
Texto escrito por Telma Vieira
Data do Círculo: 16/03/2014
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