quarta-feira, 20 de abril de 2016

Eu e o Feminino

Eu e o Feminino

O meu contato com o universo especialmente feminino se deu desde minha infância, onde cresci, na Boutique Cigana, loja da minha mãe, pela qual fui altamente influenciada em todos os meus caminhos futuros. Foi ali que floresceu em mim as danças ciganas que me levou ao descobrimento de outras danças étnicas. Do contato com a moda, arte, cores, sons e muitas mulheres, o meu trabalho com dança nasceu. Cresci em meio a muitos meninos, três irmãos, muitos primos, queria ser como eles, se de um lado eu tinha os exemplos masculinos, tive um grande exemplo feminino, minha mãe, o retrato da força feminina, trabalhou com mulheres e pelas mulheres. Na minha prática de dança me descobri menina-mulher, troquei as bermudas e camisetas largas por saias longas e resgatei o uso dos brincos, que não os deixei mais. A dança (cigana  e oriental) me deu a possibilidade de vivenciar a minha feminilidade. Ao ler o livro “Dance e Recrie o mundo” de Lucy Penna, tomei consciência deste processo transformador da dança, o quanto sua prática traz de volta a nossa essência feminina, perdida nos dias contemporâneos em que a mulher ganha espaço e se iguala aos homens.
Com o tempo, assisti esta transformação em muitas alunas e o trabalho com a valorização do feminino foi sendo inevitável. Cada vez mais este enfoque veio sendo naturalmente trabalhado em minhas aulas. A exploração de diversos estilos de dança, de danças de diversas culturas me aproximou de diversas mulheres, diversas facetas do feminino, e me permitiu perceber que quando quero acordar a mulher existente em cada uma, é preciso reconhecer quem é esta mulher. Através do corpo, das diversas danças, despertamos diferentes mulheres dentro de cada uma de nós e reconhecemos cada vez mais a nós mesmas. Fui percebendo como é importante para muitas mulheres “vestir-se” com elementos femininos,  e apenas o fato de colocar um saia, uma flor nos cabelos ou pegar em um véu as transforma incrivelmente. Trabalhei a auto estima em inúmeras mulheres, que passaram a se valorizar cada vez mais e valorizar o que cada uma tem de mais sagrado, o seu feminino.
Depois de uns bons anos percebendo este poder que a dança tem, chegou a mim o livro “O Milionésimo Círculo”, despertando em mim um desejo impulsivo de fazer um Círculo de Mulheres, mas ficou apenas na imaginação. E, de repente, do desejo de algumas alunas se reunirem para conversar, filosofar dança e compartilhar experiências, reascendeu em mim a vontade de fazer um Círculo de Mulheres, e de uma forma mágica, nasceu o Círculo Precioso, um  Círculo de Mulheres sem a intensão de se tornar um Círculo Sagrado, mas a energia tomada por mulheres reunidas com um mesmo propósito o fez se se tornar um espaço sagrado, mágico e transformador. O Círculo foi se fortalecendo naturalmente e um novo desejo tomou conta de mim, e senti uma grande necessidade de ampliar este Círculo, dando a oportunidade a novas interessadas e transformar cada vez mais mulheres, para isso seria necessário um aprofundamento ainda maior, ao ler o livro “Círculos Sagrados para Mulheres Contemporâneas” identifiquei muitos elementos que naturalmente já existiam nos Círculos Preciosos, reconheci a sacralidade ali já presente e hoje trago questões do feminino um tanto mais conscientes para esta roda!
Hoje, me preparo para seguir um novo caminho, não só de transformar mulheres, mas curá-las, uma cura um tanto mais profunda das realizadas pela dança, mas que vem para complementar este trabalho. Assim como outras mulheres, que declaram estar atendendo ao chamado da deusa, me sinto como elas, atendendo a um chamado interno, um possível chamado da deusa!


Gratidão Universo, por me fazer ter a sensibilidade de ter esta percepção!


Saphyra Cristiane Wilson
20/04/2016

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Círculo Precioso Ametista 2 - Encerrando o Ciclo

Círculo Precioso Ametista 2 - Encerrando o Ciclo

A transformação!

Este Círculo foi uma revisitação a todos os Círculos anteriores, um resumo de tudo que ficou marcado pelas experiências vividas, desde sua criação, a sua formação e fortalecimento. Uma viagem ao túnel do tempo, hora de refletir, analisar e mudar.
Nesta Círculo estiveram presentes: Luciana Zioli, Tabata, Gisele Hannagisa, Krystal, Cássia, Bete, Thais, Lye, Elaine Amorim, Saphyra...

"A necessidade de um Encontro, um espaço para reflexão e evolução de mulheres que dançam!
Dia Internacional da Dança, uma nova proposta nasce: Círculos Preciosos...
Com a ametista começa e com a ametista terminamos este ciclo. Ametista, a mudança, a transmutação!

Aproximadamente 40 mulheres passaram por estes Círculos, muitas frequentaram constantemente, muitas foram peças fundamentais para fundamentar este Círculo, para fortalecer esta ideia. Outras apenas deram uma passada, muitos olhares curiosos vieram descobrir este encontro misterioso e de repente não foram de fato tocadas, mas ainda assim deram sua contribuição, aquela sua única presença pode ter sido marcante para qualquer uma de nós.

Cada Círculo, uma pedra... Ametista, Ágata, Turquesa, Rubi, Pedra da Lua, Granada, Quartzo Branco, Citrino, Pedra do Sol, Fluorita, Turmalina Rosa, Vassora de Bruxa, Hematita, Azurita, Jade, Lepidolita, Ametrino,  Água Marinha... faltam algumas sim, talvez não tenham sido registradas, não sei se fiz as contas certas e acreditei ser o este o 21° Círculo, talvez não o seja, mas de qualquer forma o seu tempo já passou... É hora de mudar! Sim, as coisas mudam, é hora de perceber o que foi mudando, mudança é evolução! Quem faz parte deste Círculo hoje? Quem fez parte dos primeiros Círculos? Quem acompanha há algum tempo? Nunca ficamos com um espaço vazio, sempre antigas peças deram lugar a novas e junto com as novas peças, o novo, uma nova essência, uma nova descoberta, um novo momento, o novo pede novidades: é hora de mudar!

Muitos assuntos foram abordados, muitas questões, muitas e muitas lágrimas, “Saphyretes”, termo que cai em desuso por causa do novo, uma palavra recorrente: superação. E sempre mais lágrimas... as deusas, as mensagens dos deuses, e aquela que deixou de frequentar este Círculo nos escreveu: “uma imensa corrente invisível unia cada mulher e já não pertencíamos à prisão espaço-tempo! Ninguém podia nos ver, tampouco nos ouvir... Somente nós e os deuses da Dança” (Carmem). Ainda outra sentiu: “...eu percorria feito criança, que canta, que dança, que encanta dentro de minhas próprias veias, a pulsar meu próprio coração, como notas doces, leves e enfáticas. Descalço essas sandálias, vastas, cansadas, e piso com pés planos nesse gramado molhado, de terra perfumada. Elevo as mãos ao céu em conexão ao divino, e com um sorriso largo, e olhos que brilham agradeço a Deus por estar aqui. Meu sonho na janela, voando... livre a minha imaginação. Como se meu corpo não fosse mais escravo a movimentos que antes não superava, agora eu era livre, meu corpo levitava, minha mente viajava... Pude olhar a chuva, sentir o gosto... Eu dançava a dança, a dança me dançava... E naquele gramado, de um verde de que tão verde, verde não era. As flores me assistiam radiantes de felicidade, trovões ecoavam palmas estridentes, ininterruptas. Holofotes solares me faziam brilhar, ser estrela de mim mesma... eu me senti dançando... eu me senti: EU! (Natalia Parzanese). 

E os anjos? Quantos não foram os Círculos que esta imagem se fez presente. Sim, eles continuam a nos observar, mas com tantas mudanças, parece que esquecemos disso.
O que dizer da sintonia? Da harmonia com que tudo foi acontecendo... E quanto nos surpreendemos com o como tudo ia se encaixando, como se fosse planejado, estudado, arquitetado, combinado previamente, mas não! Fomos surpreendidas pela sintonia com que tudo foi acontecendo e naturalmente fluindo harmonicamente. 

E sempre lágrimas, emoções à flor da pele... Falamos de desapego, mudança e flexibilidade, falamos de saúde e muitas vezes citamos a dança como cura. Falamos de sonhos, desejos, vontades e fé. E a cada lágrima e certeza de que este Círculo não pode acabar, já foi escrito: “quantas lágrimas esperam este Círculo para desabar. Este Círculo que ampara, que recebe as lágrimas e os momentos de fraqueza, é o mesmo que nos fortalece”. Filosofamos, falamos de liberdade, dançamos os animais, dançamos para as deusas e então... o movimento... o Círculo, a roda que gira, gira, gira, para transformar, assim como os Dervixes, que giram, giram, giram, se esvaziam e se transformam... assim aconteceu com nosso Círculo, girou, se movimentou, se esvaziou e está se transformando para iniciar um novo ciclo. Um último Círculo falou do tempo, da velocidade, do século XXI, aqui nosso tempo é outro, será o tempo dos deuses?!
Aqui o tempo é o tempo que tem que ser!

Mulheres se reúnem ao redor de algo, de um altar, que traz algo simbólico a cada dia, a cada tema... o Círculo é nosso, ele tem uma orientadora, facilitadora, ou como queiram chamar, ele é preparado por muitas mulheres que tem algo a contribuir com outras, que tem algo a se descobrir em outras, ele tem uma guardiã que guarda e mantém este Círculo com muito carinho mas espera que cada mulher alimente este projeto com sua contribuição que pode acontecer de muitas maneiras: a sua presença, a sua palavra, a sua questão, a sua proposta, o seu silêncio, a sua contribuição em participar e o desejo de trazer um pouco de si para o altar que tem sempre tanto a nos dizer. Nossos altares já trouxeram:  a água, o fogo, a terra e o ar. Deuses, deusas e anjos. Flores, muitas flores, diversas flores. A frase “Amor à Dança”, xale, leque, castanholas, pandeiro, véus, pedras, relógio, penas, rosas, pétalas e incenso. Muitos oráculos. E nós (em fotos).
Um altar muito especial foi feito por aquela tão importante para a existência deste Círculo mas este ano nos deixou e fez sua passagem para uma nova vida, mas deixou sua forte lembrança e a mensagem: No altar, a renda vermelha de suas bodas de prata e as rosas para representar sua família, o pandeiro para deixar um de seus maiores ensinamentos - A alegria em viver, que todos nós, devemos exteriorizar, mesmo nos momentos mais difíceis de nossas vidas, para que esse brilho possa atrair e contagiar felicidade.
E é com esta alegria que pretendo iniciar nossa nova etapa! O nosso novo Ciclo!

No Círculo Precioso Pedra da Lua, uma das “preciosas” (outro termo que com o passar o tempo caiu em desuso com as mudanças) e que não frequentou mais os Círculos iniciou um registro de frases que marcaram cada Círculo e hoje eu dou continuidade para finalizar este ciclo:


Uma nova proposta nasce... Círculos Preciosos!
Superar desafios na dança é superar desafios na vida...
Que sentido tem a dança para cada uma?
Fogo: transmutação na vida...
Em qual momento tu te sentiste dançando?
Amor à Dança.
Eu quero se feliz agora!
Qual foi o deus ou demônio que enfrentaste durante tua apresentação?
Creio num mundo melhor: o mundo a que desejo pertencer.
Sois todas bailarinas!
O tempo passa... Eu nem tinha percebido os coraçõezinhos ao redor desta página!
Tu viste a fênix?
Fera ou Golfinho?
Os anjos observam...
Siga a voz do seu coração, confie em você!
Muitas coisas serão transmutadas aqui hoje!
Vamos sorrir!
Deixe que as estrelas te inspirem.
Movimento sem sentimento não mostra nada.
Você conhece as verdades do bambu?
A vida é mudança. A vida é uma dança.
A dança te tira a máscara ou te dá outras máscaras?
A dança cura.
Estamos aqui porque queremos estar aqui.
Rezo para Deus dançando.
Somos consequência das nossas escolhas.
O que te faz feliz?
Onde você reabasteça sua essência feminina?
Qual o seu momento de paz?
 Círculos Preciosos, um círculo de transformação! É hora de transmutar!
Que venham as novas cores!"




Encerrado este ciclo chamado "ciclo das pedras preciosas", nossos Círculos voltarão renovados, daremos início ao "ciclo das cores"!!!

Saphyra Cristiane Wilson
Círculo realizado em 19/12/2015