quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Sem tempo de ver as cores

Sem tempo de ver as cores

Percorro pela vida em busca de algo que nem sei o que.

A pressa toma conta do meu corpo e o momento se torna um corre corre desenfreado, que parece encurtar mais os dias.

Parar para que?
A lista das metas a serem cumpridas cada vez aumenta mais.

Amanhã eu vou,
Amanhã eu vejo,
Amanhã eu paro,
Depois eu faço,
Depois eu ouço,
Depois, Depois...

O tempo passa,
As rosas do jardim nascem, as flores morrem, e eu não parei para admirar o orvalho em suas pétalas, nem perceber as cores que enfeitaram o jardim e não senti o perfume que exalou das rosas.

Nem tinha percebido os coraçõezinhos ao redor desta página.

Bem pensado!

Vamos falar das cores dos corações. Dos tons que dão harmonia aos caminhos que um dia um Ser maior fez formar, uma corrente com elos bem diferente, que dão personalidade ao todo. Isto já é um milagre!

Bate, bate coração,
Pare em um cantinho qualquer para observar o seu valor.
Lembre-se dos corações que já se foram, pense nos que estão para vir.
Infinitos tons de luz de mesclam no céu e na terra.

Vamos coração, continuar o passeio pela estrada arborizada em formas indefinidas, onde corações perdidos esperam uma mão amiga, uma simples acolhida, um abraço apertado já basta para se sentir amado.

Vamos coração, enquanto está aí parado, pense nas coisas diversas já vivenciadas.

Nova fase vai se abrir para fortalecer o elo do amor eterno.

Quantos corações foram agregados, desprendidos, transformados, reprimidos e abandonados! Porém, com o elo trançado na fé, esperança e humildade, nunca se perde ou morre, só vai para outro lado.

Pode até parecer desapego, mas o que Deus uniu, não há tempestade que separe. Ele, consagra, unifica, prepara pela lei natural do tempo e permite se machucar para reconhecer que os elos divinos não são corrompidos nem pela ausência nem pela distância.

Preservar é a meta, fidelidade a missão.

Agora, vamos a reciclagem.
O que vale a pena restaurar.
Quais os valores que são importantes?

Reflita coração, voe pelas antigas avenidas e olhe as árvores frondosas que a centenas de anos fazem parte da história. O cenário e os personagens mudam, mas ela está firme e poderosa alimentada por raízes que não podem ser arrancadas. Isto me fortalece!

Somos gotinhas no Universo sempre prontas para se restaurar. As gotas se unem, o fogo se apaga e a reconstrução acontece.

Será que há tempo?
Por onde começar?

Primeiro, limpar a mente, fortalecer o espírito e ir atrás do elo quebrado. Juntar os cacos coloridos e fazer um mosaico, para colocar de enfeite na mesa da comunhão para repartir experiências, contar histórias... e quantas!

Me pergunto coração.
Foram tantas peças quebradas que nem tem como separar.
É hora de recomeçar o jogo. Selecionar as peças que são mais preciosas, lapidar as desgastadas. Montar o alicerce com tijolos e argamassa.

Vamos ser forte coração!
Eu sei montar minha história.

Agora é a meta final!
Traga de volta as cores livres das ciganas,
As rosas de Santa Rita,
Os lírios que fazem parte do meu Templo consagrado.

Meus anjos e Santos queridos nesta vida, onde as pedras já quebradas, formam mosaicos floridos, com raios de sol e estrelas, praia com ondas surfantes que explodem no cair da tarde, vão ao encontro da lua e se espalham pelas areias, apagando num instante as más lembranças do passado.

Vamos coração amigo,
Vamos voltar à terra,
Colocar a fantasia que dá colorido à vida.
Brincar com as cores vibrantes,
Ouvir a felicidade,
Fingir que não há falsidade, ser Marêne de verdade.

Agora o que é que eu faço?
Os sonhos que já eram opacos se desmancham no espaço.

Quero continuar no circo, fingir que tudo é bonito, tentar fazer o impossível para enfeitar minha tenda com retalhos coloridos, para acolher amigos, mesclar com alguns não queridos, ser como o joio do trigo, ouvir a palavra Divina e deixar acontecer a arte que pode ser viva e contemplativa, depende de como você distribui os cacos do grande mosaico.

Nada se perde, tudo se transforma.

Vamos comprar outra tela, esboçar um caminho novo ao som de uma bela canção?

Vivemos num mundo de aparências, sem tempo para ver o colorido da alma.
A transformação acontece quando o amor se manifesta.
É como o mosaico.
A harmonia só existe quando as peças se encaixam de acordo com a delicadeza de cada colaborador.

Vale a pena ver as cores!

Relato escrito por Marlêne Capela em janeiro de 2013
(adaptado por Saphyra Cristiane Wilson para contexto deste blog)

Um comentário:

  1. Este texto veio em boa hora, para abrir nosso primeiro Círculo do ano.

    Um abraço especial à dona Marlene.

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